quarta-feira, 31 de outubro de 2007

a descoberta da dor


Pintura by Nelson Baskerville
Textos by my self

3.
Existem dias em que meu corpo gostaria de estar em Paris.
Em outros ele gostaria de nem existir.
Assim.

4.
A maquiagem era um sorriso estampado no rosto sem nenhuma verdade.

6.
Havia algo que a perseguia desde os tempos em que era feto contorcido no útero de sua mãe. Algo que carregava consigo. O que a violentava, a invadia, arrebentava desde os seus primeiros suspiros era a própria vida que se apresentara aquele ser como “coisa desconhecida”. Dia após dia a vida se tornaria mais e mais desconhecida, e a descoberta seria a própria dor e o próprio prazer: a descoberta da vida.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

a velocidade terrivel da queda


foto. camino real
texto. flávia lorenzi


mais uma vez!

a velocidade terrivel da queda...

como alice desmoronando do seu mundo de sonhos, para enfim viver o sonho.
free as a bird...
como ser a queda?
como abraça-la, sendo ela sua única possibilidade?
há de abraça-la!
se fores perspicaz há de abraça-la. a queda.
se fores alguém que busca, há de apaixonar-se. pela queda.
se fores alguém que luta, há de necessitar. a queda.
se fores alguém livre, há de se viciar. pela queda.

caímos! eis a constatação!

caímos todos! anjos caídos, somos!

a queda esfola e traz feridas.
a casca boa da vida.
a queda é um constante estar vivo. em queda.
a queda é o que nos resta de nosso espirito aventureiro. desbravador.
se não caímos, como levantamos?
como nos movimentamos?
que caia tudo.
que eu caio também. sem chance.
ah não! não sou aquilo que era parecendo ser...
sou alice. caindo e sonhando. se apaixonando e caindo.
querendo falar. querendo ser. mesmo não sendo e por isso vivendo.
sou um seilá que será não sendo querendo fodendo vivendo sendo sem ser.
caindo. em movimento. na velocidade terrivel da queda.

é.

alice vai continuar sonhando e caindo.
assim. assim. sem mais.

Across the Universe


Hoje, segunda feira, já quase terça, senão terça, duas da manhã... mas para mim ainda segunda, pois não adormeci para que hoje virasse amanhã e só assim entendo a passagem de um dia para outro, quando intercalada pelo sonho que me leva de um dia ao outro, do presente ao futuro presente, pra tornar o presente de hj passado e o futuro de amanhã presente!
Hoje fui ao cinema! Assisti a dois filmes da Mostra. Pra variar cheguei em cima da hora (sempre chego em cima da hora ou atrasada pra tudo, defeito atávico da minha personalidade) e a fila estava enorme! Não imaginava que tinha tanta gente desocupada em plena segunda feira as duas da tarde em SP. Encarei a fila quase sem esperança, nunca tenho muita sorte com essas coisas, mas hoje eu tive! Entraram na última hora 5 pessoas da fila de espera e eu era a quarta!!!!! Assisti Across the Universe, adorei!!!! Um filme musical que se passa nos anos sessenta, costurado pelas canções dos Beatles! Eu que amo os meninos de Liverpool, cantei junto e fui feliz durante as duas horas que me sentei na poltrona em frente a imensa tela cheia de ilusão e dei sentido a vida! O moço do meu lado no final do filme estava aos prantos! Que delicia! Se emocionar com a potência da imagem e da poesia!
Sempre penso que gostaria de viver dentro de uma canção dos Beatles!
Depois assisti ao Fantasmas, filme francês, daqueles que a gente não entende nada, mas no final eu até gostei e acho que entendi um pouco! É preciso amar para se estar vivo! Os que não amam morrem em vida!
Depois das sessões fui passear na livraria Cultura e comprei um cd delicioso, que eu recomendo da Marina de La Riva! Estou ouvindo ele agora!
Comi nhoque! Hoje é dia 29, se a gente bota dinheiro debaixo do prato é só fazer um pedido que tudo acontece!
Eu hoje desejo! Que a vida seja um pouco como nos filmes ou nas canções dos Beatles!
Que a vida seja um pouco mais do que aquilo que se vê!
Ah... eu vou a Paris!
Um dia... vou-me!

uma menina

texto. flavia lorenzi

uma menina confusa de cabelos até a cintura que anda por aí querendo ser árvore por que ser humano sente dor e árvore cresce pra cima e nasce flor…

uma menina medrosa que dança no meio fio da altura mais alta só pra sentir o medo ser maior do que ela e por isso querer crescer e ficar maior do que aquilo que a assombra…

uma menina que olha sem poder olhar, que chora escondida em silêncio e já não sabe mais, que está confusa demais, com medo demais, viva demais…

assim assim…

ela brinca de ser bailarina ela brinca de ser menina…